Salvador: exposição de Vik Muniz tem visitação gratuita no MAM

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A exposição”Imaginária”, do artista plástico Vik Muniz, está com visitação gratuita no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), em Salvador, de terça a sábado, das 13h às 18h, até o dia 31 de agosto. Os trabalhos da mostra revisitam a arte sacra, sendo criados a partir de milhares de recortes de catálogos de exposições. Vik Muniz é um artista plástico, fotógrafo e pintor, conhecido internacionalmente por usar materiais inusitados em suas obras, como lixo, açúcar e chocolate.

A mostra “Imaginária” parte do pressuposto de que toda questão humana sempre teve algo a ver com a maneira como as pessoas interpretam a realidade. Para Vik Muniz, “a nossa relação com os acontecimentos que nos cercam é produto de uma evolução contínua através da arte, da ciência e da religião. Neste processo, a arte sempre tratou de negociar uma visão do mundo que miscigenasse a lógica física da ciência com o dogmatismo espiritual da religião a fim de aproximar estas duas noções absolutas à experiência humana. O artista dá espírito à matéria inane e forma física à essência sobrenatural da fé. A arte mistura elementos fundamentais, ambos da crença e da experiência, para promover um consenso sobre a realidade, que, embora desuniforme, tem sido à base de todo o desenvolvimento da nossa espécie desde os primórdios da civilização”.

“A vida nada mais é do que a matéria impregnada de consciência e conhecimento. Assim sendo, toda a matéria viva é sapiente, tudo o que é vivo possui algum tipo de conhecimento. Porém, entre todos os seres vivos, a raça humana é a única capaz de acreditar e ter fé em coisas além do alcance de seus sentidos imediatos. A fé é uma particularidade exclusiva de nossa espécie que tem sido desenvolvida através de milênios por religiosos, cientistas e artistas. Acreditar significa se relacionar com o mundo além da mente, além dos limites dos sentidos do tempo, da presença física, e da própria vida. A fé faz do homem um animal único no sentido em que o habilita a transcender a sua existência física e temporal e se relacionar com o seu universo como um todo. Se a fé é o que nos faz mais humanos, faz também exemplos de humanidade aqueles que melhor a exercitam,” complementa Vik Muniz.

Ao se fixar na imagem dos santos, os trabalhos de Vik  mostram exemplos de pessoas que colocaram a sua fé acima da própria vida, e que sempre exerceram um enorme fascínio nas mentes artísticas. Não é por coincidência que a história da arte esteja tão relacionada à história da fé. “Grande parte do que admiramos na história da arte está objetivamente relacionada à arte sacra e, subjetivamente, ao ato de acreditar. Eu, como artista contemporâneo, sempre ansiei compartilhar os temas que tanto colaboraram para o desenvolvimento da cultura das imagens. Porém, a minha relação com a imagem sacra sempre foi cerceada, de forma ambivalente, por normas contextuais contrárias à prática ou à ilustração de formas religiosas. É neste contexto único e não ortodoxo que eu encontrei a devida liberdade de trabalhar com estes temas tão próximos da minha vida pessoal e tão distantes da arte atual. Eu que sempre trabalhei com o ato de acreditar, finalmente ilustro aqui, através da confusa lente do olhar contemporâneo, imagens dos que ousaram acreditar mais do que todos. A arte se assemelha mais à vida na forma em que a sua apoteose é a fé nela investida. Os santos, exemplos de fé e transcendência, continuam a nos ensinar a acreditar e a viver como verdadeiros seres humanos”.

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