Protagonismo Feminino na Independência: As mulheres baianas que marcaram a história do Brasil

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Enfermeira de guerra, Maria Felipa de Oliveira. Foto: Reprodução

Dezessete meses após o Grito do Ipiranga, a batalha pela separação política de Portugal foi protagonizada pelos baianos em uma luta que marcou a história do Brasil e da sua primeira capital. Nasceu o sol a 2 de julho de 1823, iluminando o triunfo de povo que lutou bravamente pela liberdade do seu país. Em combates urbanos do Recôncavo à Salvador, as forças do Exército e da Marinha brasileira expulsaram as tropas portuguesas em uma guerrilha decisiva no bairro de Pirajá, alimentando as esperanças de um futuro digno para toda a nação. 

Todavia, a liberdade não foi conquistada apenas pelas forças armadas. O marco da independência do Brasil na Bahia também foi consolidado por heróis e heroínas anônimos, desprezados pelos holofotes. Uma exclusão histórica que interferiu diretamente no reconhecimento da atuação de personalidades femininas que foram essenciais para a vitória sobre Portugal, a exemplo dos feitos das baianas: Maria Quitéria, Maria Felipa e Joana Angélica. 

Apesar de não receberem o destaque merecido, estas mulheres defenderam o país com determinação e valentia incomparáveis. Em fevereiro de 1822, a abadessa Joana Angélica empenhou-se em proteger as internas do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, da ira portuguesa. Considerada a mártir da independência, aos 50 anos de idade Joana tentou enfrentar os combatentes lusos para evitar a invasão do local, mas foi brutalmente assassinada por golpes de baioneta. Uma conjuntura violenta que tornou-se o estopim para guerra que ocorreu logo no ano seguinte. 

Outra heroína que assinalou a liberdade brasileira foi Maria Felipa de Oliveira. Natural da Ilha de Itaparica, Maria Felipa integrou as guerrilhas como enfermeira. Contudo, afamada por sua coragem e inteligência, a mesma também viabilizou a vitória de seu povo liderando um grupo de 40 mulheres para destruir as embarcações portuguesas.  Embora não tenha ganhado o exímio destaque histórico digno de suas ações, Maria Felipa foi uma guerreira, e hoje, também pode ser considerada um ícone de representatividade negra e feminina.

Não obstante, a nossa terceira protagonista foi Maria Quitéria. Inserida em um esfera dominada pelo sexo oposto, Quitéria foi a primeira mulher a ocupar um cargo militar no Brasil. Em 1822, com o apoio de sua irmã, a baiana alistou-se fingindo ser um homem e consolidou uma carreira mesmo após ter a sua identidade descoberta.  Reconhecida por suas habilidades com armamentos e sua disciplina, em 1823, Maria Quitéria foi promovida à cadente do Batalhão dos Periquitos, e aos 31 anos fez história no campo de batalha, sendo homenageada até os dias atuais por sua bravura e dedicação. 

 De longe, o protagonismo feminino foi um dos aspectos mais importantes da luta pela liberdade. Anônimas ou não, a resistência, a coragem e a inteligência de diversas mulheres foi essencial para a conquista da pátria amada. E o final feliz não tardou. Atualmente, as cidades que sediaram os confrontos estão imersas em celebrações anuais, honrando a memória de todos e todas que batalharam bravamente pela independência do Brasil na Bahia. 

 

Autor (a): Laís Cruz
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