Criador da Cia Baiana de Patifaria considera pós-pandemia: “É um espetáculo de aglomeração”

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Foto: Diney Araujo

“Por que a Cultura tá sempre precisando pedir? Tá sempre precisando implorar?”, questiona Lelo Filho. O ator e diretor anunciou na noite da última terça-feira (30) o encerramento das atividades de um dos mais tradicionais grupos de teatro da Bahia, a Cia Baiana de Patifaria.

Ao acordar, após uma noite insone, Lelo se deparou com mensagens de amigos, jornalistas, fãs de “A Bofetada”, – espetáculo de maior sucesso do grupo -, todos desolados com o fim da companhia. O desejo de Lelo, é claro, era voltar atrás, anunciar mais uma temporada de A Bofetada e seguir em frente. Mas, segundo ele, “A Bofetada é um espetáculo de aglomeração”, impossível de ser realizado nos atuais moldes dos protocolos pandêmicos.

A Cia Baiana de Patifaria estava prestes a completar 35 anos. Destes, conta o ator, que em apenas cinco conseguiu algum tipo de verba pública. “Foi o público que me manteve e me levou a quase 70 cidades de todo o país”, afirma. Durante a pandemia, período em que mais precisava de apoio, o grupo não conseguiu ser aprovado em nenhum edital da Lei Aldir Blanc e as contas passaram a não fechar.

A sede da Cia, no entanto, recebeu apoio do edital Mapa Cultural, para que o seu espaço fosse adaptado seguindo as novas regras do momento. Assim, a sede do grupo se transformou em um espaço cultural aberto para as produções baianas que quisessem fazer lives ou gravar espetáculos virtuais. Mas, com a volta das atividades presenciais, o Casarão 15 também perdeu o rumo.

“Morremos na praia, porque no momento em que investimos no virtual, o presencial volta a acontecer”, considera Lelo. No entando, a volta do presencial, para ele, ainda não é a mais adequada. No contexto atual, se a Cia Baiana de Patifaria quisesse voltar a ocupar um palco de teatro, seria como começar do zero. O cenário de A Bofetada, por exemplo, está completamente danificado após tanto tempo guardado.

Em todos esses anos, a Cia Baiana de Patifaria acabou construindo um verdadeiro acervo de artefatos culturais, entre figurinos, cenários e outros materiais que usava nas peças. Tudo o que tiver guardado na sede da companhia, Lelo Filho diz que será doado para o Acervo Boca de Cena, do figurinista Maurício Martins. “É uma forma de não perder essa história”, considera Lelo.

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