Pesquisador baiano desenvolve aplicativo para ajudar na alfabetização de crianças durante a pandemia

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foto: Reprodução

 

Devido a preocupação com o rendimento escolar durante o isolamento social, o pesquisador baiano José Amancio, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), desenvolveu o “zReader”, um aplicativo de leitura e contação de histórias que auxilia o processo de alfabetização de crianças.

“Desenvolvemos um app que disponibiliza uma ‘livraria de jogos’, da qual cada jogo tem uma narrativa literária e o objetivo é dar vida ao texto dessas narrativas, através da montagem e produção de um desenho animado que corresponde a cada uma delas. A animação é produzida sob a interpretação das crianças a respeito da história dos personagens que são lidas ao longo do jogo”, explicou José Amancio.

O projeto é um dos contemplados pelo edital Centelha, da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), que vai conceder R$ 1,5 milhão em recursos para que 27 pesquisadores, no total, possam desenvolver projetos inovadores. Segundo o pesquisador, o nível de dificuldade dos jogos varia de acordo com a frequência de leitura das crianças e suas interações foram cuidadosamente projetadas com base em fundamentos de diferentes áreas científicas, para que a experiência possa melhorar as diversas habilidades de leitura. José também conta que a ideia para desenvolver o “zReader” surgiu da tese de doutorado do pesquisador Fabrício Guerra, da Universidade Federal de Rio Grande do Norte (UFRN).

De acordo com o Governo da Bahia, a plataforma já foi testada em grupos de controle, que comparou o rendimento de crianças que utilizaram o zReader e as que não utilizaram. Segundo José, já está comprovado cientificamente que o grupo que usou o zReader obteve uma evolução superior no aprendizado. O fato prova que o aplicativo funciona não somente para as crianças que participaram dos testes, mas para a população de onde foram selecionadas. “Com o uso do app, essas crianças estarão mais sensíveis aos incentivos da escola no que diz respeito à leitura e aos benefícios que podem extrair deste hábito”.

Além de testes, foram realizadas também pesquisas com o público-alvo para entender o que eles estavam achando do produto. Cerca de 87% das crianças, de escolas públicas e particulares, alegam que passaram a ler mais historinhas infantis fora do zReader, depois que tiveram contato com o software. “A ideia é melhorar o nível de leitura das crianças já no ciclo de alfabetização para que as próprias crianças e a sociedade possam se beneficiar dos desdobramentos disso”, declarou.

O projeto está próximo de ser concluído, quando estará disponível para download nos smartphones. “Já fizemos uma experiência com uma versão acadêmica no passado, mas estamos trabalhando numa versão comercial, com alguns livros/jogos de graça e alguns pagos. Também precisamos contratar profissionais para produzir as histórias e animações. Atualmente, temos cerca de 18 contos já prontos, entre narrativas originais e adaptações livres de histórias clássicas infantis, mas queremos expandir esse número. Novas funcionalidades serão testadas cientificamente para que o software possa ser aprimorado cada vez mais de forma segura, sem interferir nos resultados já estabelecidos”, concluiu.

A pesquisa também recebeu apoio de professores e estudantes do Departamento de Educação da UFRN e da Uefs, que foi responsável pelo desenvolvimento e a implantação do aplicativo. Além disso, cinco escolas, públicas e particulares, contribuíram cedendo seus estudantes para os experimentos científicos da pesquisa, tudo devidamente autorizado pelos pais das crianças.

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