Marcão do Povo pede desculpas por declaração polêmica após suspensão e “repúdio” de jornalistas do SBT

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Foto: Reprodução

 

O apresentador do telejornal ‘Primeiro Impacto’, Marcos Paulo Ribeiro de Moraes, conhecido popularmente como “Marcão do Povo”, gerou polêmica na última semana, após sugerir ao vivo, no dia 07 de abril, que o governo brasileiro montasse um “campo de concentração” para as pessoas infectadas com o novo coronavírus (COVID-19).

 

Após ser suspenso por 15 dias da emissora, o jornalista da SBT retratou-se através das suas redes sociais, na manhã desta segunda-feira (13), declarando que “programa de televisão transmitido ao vivo está sujeito a erros e palavras mal colocadas”. Confira a seguir:

https://www.instagram.com/p/B-7EctFJUdX/

Contudo, seus colegas de ofício emitiram uma carta para a direção do SBT, repudiando a declaração do âncora. “É um desrespeito à vida dos que nos assistem e confiam na credibilidade desta emissora”, cita o documento.

Confira a carta na íntegra:

 

“À direção do SBT

 Impossível nos calarmos. Ainda que em diversas outras ocasiões que envolveram a mesma pessoa tenhamos optado pelo silêncio, todos os valores de ética, ou mais, de decência humana foram violentados pelo apresentador do telejornal Primeiro Impacto, Marcos Paulo Ribeiro de Morais. Ao defender a criação de “campos de concentração” para pessoas infectadas pelo novo Coronavírus, o apresentador que se autointitula como Marcão do Povo, extrapola, no nosso entender, todo e qualquer limite.

 Jornalistas que somos, por vocação acima de tudo, decidimos tornar público nosso repúdio à forma como o apresentador se referiu à maior crise de saúde do século. O que não nos causa nenhuma surpresa. O comportamento dele sempre foi o de não acatar orientações nem determinações dos jornalistas que dirigem o Primeiro Impacto e o próprio Departamento de Jornalismo do SBT. E isso sempre foi feito publicamente na redação. Muitos dos que assinam essa carta testemunharam o Sr. Marcão do Povo dizer, em alto e bom som, que só obedece o dono da emissora e que não presta contas a mais ninguém.

 Nós, jornalistas do SBT, vivemos o maior desafio profissional que poderíamos sequer um dia imaginar. Talvez, o maior desafio pessoal. Estamos todos os dias nos expondo a todo tipo de risco para informar a população sobre a pandemia. Porque acreditamos na nossa função e nos princípios desta emissora. Essa, sim, do povo brasileiro.

 Não é necessário descrevermos aqui a mais nova absurda declaração feita pelo apresentador. Os campos de concentração da Segunda Guerra Mundial estão entre as maiores vergonhas da humanidade. A necessidade de manter a população em casa é, segundo todas as autoridades de saúde do mundo, a única medida a ser tomada para diminuir o número de mortos. Um apresentador, que tem o privilégio de ser ouvido por todo País, não pode sugerir qualquer orientação contrária a seus telespectadores. É um desrespeito à vida dos que nos assistem e confiam na credibilidade desta emissora.

 Hoje – e esse número será maior a cada dia -, morrem no Brasil, em média, cento e quarenta pessoas vítimas da covid-19. O que significa dizer que, enquanto o sr. Marcos Paulo Ribeiro de Morais está no ar, ao vivo, para todo o Brasil, pelo menos 14 famílias perdem pais, avós, irmãos, maridos, esposas, filhos, amigos, enfim… Pessoas que, segundo o apresentador, deveriam estar em “campos de concentração”. Mais do que envergonhar a todos nós, jornalistas, o sr. Marcos Paulo Ribeiro de Morais não está a altura de representar o nome e a história do SBT.”

 

 

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