Espetáculo “Frida Kahlo – A deusa tehuana” em cartaz neste fim de semana em Salvador

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Quem foi Frida Kahlo longe dos holofotes, na vida particular, sem estereótipos? Desta pergunta partiu a investigação para a montagem do espetáculo “Frida Kahlo – A deusa tehuana”, que desconstrói o mito para falar da mulher. Com direção de Luiz Antonio Rocha, atuação de Rose Germano e texto escrito pela dupla, o monólogo, que estreou em 2014 com sucesso de público e crítica, chega neste fim de semana a Salvador, com apresentação no sábado (25/05) e domingo (26), às 20h, no Teatro SESC Casa do Comércio. Os ingressos custam R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia).

A peça é livremente inspirada no diário e na obra da pintora mexicana e mergulha em aspectos mais íntimos e menos explorados da personalidade dela. “A gente ficou um mês tentando descobrir como seria o corpo de alguém que fez mais de 30 cirurgias, que tinha dores e tomava morfina para sentir alívio; e que também teve pólio. Era uma mulher que certamente tinha dificuldade em caminhar, mas, nas nossas pesquisas, vimos que as atrizes não costumam levar em conta esse aspecto na hora de caracterizá-la nos espetáculos”, explica Luiz Antonio Rocha. “A gente foi por outro lado. Fugimos do corpo cotidiano e trabalhos suas limitações e, a partir daí, fomos descobrindo a história que aquele corpo tinha para contar”.

Atriz com formação em Artes Cênicas pela UniRio e Cinema pela Universidade Estácio de Sá, Rose Germano sempre procurou aprofundar a sua arte e conduzi-la para um teatro de referências. Mergulhou no universo de Shakespeare, Brecht, Plauto, mas foi em ‘Frida Kahlo – A deusa tehuana’ que a atriz encontrou o seu grande desafio. Ao falar sobre o que a inspirou a viver Frida Kahlo no teatro, Rose Germano comenta que “há uma similaridade entre as culturas mexicana e brasileira, especificamente a nordestina, que estão as minhas raízes. Sou de Riacho do Meio, uma cidadezinha do interior da Paraíba. Foi aí que me inspirei, nesse povo guerreiro, nas histórias de mulheres cheias de vida e coragem.”

A atriz destaca ainda a importância de falar sobre a artista hoje. “A importância de reviver essa história está na autenticidade da mulher à frente do nosso tempo. Ela é a desmedida das coisas, está fora dos padrões estabelecidos. Viver Frida é encarar a vida e a morte com a mesma grandeza.”

Tudo de mais óbvio sobre a trajetória de Frida foi excluído da dramaturgia. “Queria justamente algo que não estivesse nos registros oficiais da história, que mergulhasse no sentimento mais profundo de uma mulher que queria ser mãe e não conseguiu, que era frágil e, ao mesmo tempo, forte e determinada. Colocamos o inédito, o que as pessoas sequer imaginam, como a sua relação com os médicos e a descoberta da colecionadora de arte Dolores Olmedo”, explica Luiz Antonio Rocha. “No espetáculo, desconstruímos o mito, construindo uma Frida humana, bem diferente da figura pop na qual foi transformada pela grande mídia no mundo inteiro”, conclui o diretor.

A montagem do espetáculo foi longa e incluiu uma viagem ao México. Na cidade de Oaxaca, o diretor comprou todas as peças que compõem o figurino do espetáculo. Elas são autênticas, conseguidas em antiquários e artesãos indígenas.

A peça abre com o prólogo de Dolores Olmedo Patiño, marchand que possui a maior coleção de Frida Kahlo e Diego Rivera no mundo. Responsável por preservar e difundir o acervo do casal.

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