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Camaçari agora abriga um campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O Campus Carlos Marighella foi inaugurado na manhã desta segunda-feira (17/09), durante cerimônia no Teatro Cidade do Saber, e o sonho de muitos universitários camaçarienses virou realidade, sobretudo para os 100 estudantes selecionados para ingressar no Bacharelado Interdisciplinar (BI) em Ciência, Tecnologia e Inovação, curso inaugural do campus.
Alunos da rede municipal de educação, secretários municipais, vereadores, diretores e pró-reitores da UFBA, organizações do movimento estudantil e sociedade civil participaram do ato, simbolizando o significado histórico de Camaçari passar a contar com um campus da universidade. O marco representativo da inauguração foi destacado pelo reitor da UFBA, João Carlos Salles, ao defender a importância da universidade pública.
“A UFBA em Camaçari é um gesto de resistência. Na universidade pública o ensino é formador, serão professores que produzem conhecimento, é um lugar de luta contra os retrocessos e a pauta conservadores que tem tirado direitos. Estamos expandido mesmo com as adversidades”, afirmou. “Outros governos também contribuíram, mas a decisão do prefeito Elinaldo para irmos a Brasília garantir recursos para acelerar a vinda para o município foi fundamental. O objetivo é plantar a semente de uma futura universidade federal em Camaçari”, destacou.
O prefeito Elinaldo Araújo também reconheceu a contribuição de antigas gestões para a vinda da UFBA, mas ressaltou o empenho para que antes da inauguração do campus no Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CEPED) a universidade pudesse ser instalada provisoriamente na Cidade do Saber. “Vai ser importante para o estado e para a Região Metropolitana. A dedicação será para até o fim do meu governo conseguir entregar a sede definitiva”, disse. Para ele, este foi um dia importante em sua vida e histórico para a cidade. “Hoje a saúde, segurança e desemprego são os maiores problemas em nosso país, e a educação é o caminho para solucionarmos todos eles”, acrescentou.
Elinaldo ainda destacou outras ações que visam transformar Camaçari em um polo educacional, como a vinda do Cimatec e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) – este último, que deve ser inaugurado em um prazo de 30 a 60 dias, segundo o gestor, a construção de oito creches, requalificação das unidades de ensino da rede, que devem ser finalizadas antes do ano letivo de 2019, e a atração de universidades e faculdades privadas. “Uma coisa que tá me incomodando é os professores estarem sem aumento em 2017 e 2018. Mas esse é um mal de quase todas as cidades do Brasil. A receita não cresceu. Não quero ser lembrado como o prefeito que não deu aumento ao professor”, justificou.
A secretária municipal de Educação, Neurilene Martins, deu as boas vindas aos estudantes e pontuou que este é um momento de agradecimento. “Será feita não só para, mas com os estudantes. Que este conhecimento também provoque mudanças e não seja só um título. Saibam que pode contar conosco para seguir na universidade”, disse, especialmente aos novos alunos.
Para diretora do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação da UFBA, Valterlinda Queiroz, a implantação da universidade é importante pela interiorização da educação. “A abertura foi precedida de muitas ações e preparativos. Que desfrutem ao máximo o ambiente que a universidade representa, que é de ensino, pesquisa e extensão. Vida longa a educação pública de qualidade”.
Representando os discentes, o coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFBA, José Neto, ressaltou que esta inauguração é um movimento contrário à conjuntura nacional de cortes na educação. “Jovens que historicamente nunca ocuparam as universidades, como negros, LGBTTs e mulheres, estão passando a ocupar e produzir conhecimento. Essa juventude será bem formada para estar ocupando todos os espaços” afirmou.
O caráter histórico da vinda da UFBA para Camaçari, sobretudo em um cenário de retrocessos nacionais, também foi pontuado nas falas do coordenado da ASSUFBA Sindicato, Renato Pinto, da presidente da APUB, Luciene Fernandes, e do coordenador da Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia, Moisés Borges. Ainda compuserem a mesa o presidente da Câmara Municipal, vereador Oziel Araújo, o vice-reitor da UFBA, Paulo César de Oliveira, e o comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar, tenente coronel Marcelo Grun.
O ato foi aberto com a apresentação do violonista da Escola de Música da UFBA Adriano Oliveira. Durante o evento, os presentes fizeram um minuto de silêncio pelo falecimento, neste domingo (16), do Dr. Arthur Sampaio, funcionário da Secretaria de Saúde (Sesau).
