CAMAÇARI: Câmara finaliza programação do Novembro Negro com Talk Show Afro Papo

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Foto: Diretoria de Comunicação

Finalizando as comemorações em homenagem ao mês da consciência negra, o Plenário Osvaldo Nogueira foi o palco, na manhã desta sexta-feira (26.11), do Talk Show Afro Papo. Apresentado pela jornalista Fernanda Santana, o programa trouxe convidados especiais que partilharam com o público histórias e reflexões sobre a negritude, a luta por igualdade de direitos e o repúdio ao racismo.

Uma das personalidades convidadas foi o historiador Diego Copque, autor do livro “Do Joanes ao Jacuípe: uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais”. Em sua fala, Diego relatou a importância do povo de Camaçari para momentos marcantes da história, inclusive na Independência do Brasil, nas lutas que antecederam a vitória no 2 de julho e sobre a participação dos povos originários nessas lutas. Em relação à ancestralidade africana, o historiador afirmou: “eu sou negro, e se não fosse negro não seria o homem que sou”.  

A segunda convidada a participar do Talk Show foi a professora Edicleia Pereira, pedagoga e professora da rede municipal de ensino, idealizadora e organizadora do Projeto Banco de Absorventes, desenvolvido na Escola Municipal Cosme de Farias. Para a professora, o racismo estrutural e estruturante contra as pessoas negras causa impactos à juventude. “É proibido ao jovem da periferia sair de casa sem RG. É proibido ao jovem da periferia sair de tênis caro. É proibido ao jovem da periferia sair de roupa com capuz. É proibido ao jovem da periferia sair para passear no shopping, pois será seguido pelo segurança. Essas repercussões estão presentes na escola de maneira que nos subjuga, e há uma resistência da escola em abordar esses temas. A gente não quer mais ser tolerado, a gente quer respeito“, declarou.

Já a professora Alga Borges, que é professora da rede municipal de ensino, e sacerdotisa do Candomblé, falou sobre a dificuldade das crianças de matriz africana em serem aceitas e respeitadas nas escolas. Alga destacou ainda que as pessoas adultas também sofrem preconceito pelo mesmo motivo. “Entendam que as vestimentas fazem parte de nossa religião. A gente pede que nossos colegas diretores acolham as crianças quando fazem sua obrigação. As crianças utilizarem o turbante na escola, as crianças utilizarem as contas na escola, ou não utilizarem a farda naquele período da obrigação é um direito da criança, e não um favor“.

O último convidado do programa foi o jovem Jardel Corbacho, militante do movimento estudantil e LGBTQ. Em sua fala, Jardel falou sobre a dificuldade em levar esses debates sobre cidadania dentro dos bairros, seja por conta da criminalidade, ou pela própria população que não se percebe como negros e vítimas do racismo.  Além dos convidados especiais, o Talk Show Afro Papo contou com as participações artísticas do cantor Val Cantosamba e do jovem poeta Jonas Gabriel.

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