Bahia é o segundo estado que mais derrubou Mata Atlântica em 2020

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Foto: Vinícius Mendonça/Ibama

Com mais de 3.230 hectares desmatados em 2020, o equivalente mais de quatro vezes a área da cidade de Salvador, a Bahia é o segundo estado que mais desmata Mata Atlântica no país. No Brasil foram desmatados 13.053 hectares. Os dados são do Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica – ONG que existe desde 1986 – em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, unidade vinculada ao Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação (INPE/MCTI).

Dos 17 estados brasileiros que têm o bioma, a Bahia só perde para Minas Gerais em termos de desmatamento. Ao lado de Mato Grosso do Sul, o trio concentra os dez municípios que mais desmatam a floresta no Brasil. As cidades baianas no topo do ranking são Wanderley e Cotegipe, as duas vizinhas, no Extremo Oeste do estado. Wanderley também é a terceira cidade que mais desarboriza no país. Foram 350 hectares perdidos – isso equivale a quase um campo de futebol por dia.

Dos 439 municípios que tiveram registro de desmatamento no último ano, 83 são baianos (18,9% do total). No período, 70% do desflorestamento ocorreu em 100 das 3.429 cidades que compõem o bioma. Apenas essas dez cidades somam 21% do total desflorestado – três delas da Bahia. Apesar do grande número, houve queda de cerca de 9% no total da área desmatada em relação a 2019. Apenas 12,5% da vegetação original foi preservada, segundo o diretor de Conhecimento da SOS Mata Atlântica, Luis Guedes.

As consequências geradas por esse tipo de crime são dos mais variados, seja para o bem-estar, ou para a ciência e para a natureza. “Estamos perdendo biodiversidade, espécies que precisam estar em conservação. São as florestas que garantem que a água chegue nos reservatórios, que abastecem às grandes metrópoles com energia elétrica, e que chega na agricultura, para irrigação. Então os riscos são muitos para a economia, para o bem-estar da população no dia a dia, para a produção de alimentos, além de intensificar o aquecimento global”, ressalta o diretor de conhecimento da ONG.

Para poder reverter esse cenário, Guedes, que é engenheiro agrônomo doutor em fitotecnia, as leis criadas para proteger o meio ambiente devem ser aplicadas com maior rigor. Guedes também sugere que mais reservas e áreas de proteção permanente sejam criadas. “A Mata Atlântica é o único bioma que tem uma lei especial, reconhecida pela constituição. Ela deixa claro que é um dos biomas mais ameaçados e que seu desmatamento deve ocorrer em situações excepcionais e ele deve ser compensado”, acrescenta.

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